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Pitty Addicted

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Entrevista Gabriel Louback

20/05/2010 21:31

No blog https://gabrielouback.wordpress.com, de Gabriel Louback, encontramos uma entrevista com a Pitty, na íntegra. O nome da maté ria é Pitty Leone Fala, e foi adicionada ao blog dia dez de maio. Confiram a entrevista abaixo, ou no próprio blog.

 

"Escrevi um perfil da Rita Lee para a Revista da Cultura, que dá pra ler aqui.
Por isso, entrevistei Pitty Leone, uma das principais roqueiras no cenário nacional, para saber da influência de um dos ícones do gênero para alguém que é referência atualmente.

 Como em qualquer matéria há um limite de caracteres, é preciso editar o material bruto. Mas gostei bastante da entrevista que a Pitty deu, por isso  colei abaixo, na íntegra.

- Como você vê
a influência da Rita Lee no rock nacional? Não apenas na música, mas também em atitude. Sabemos que ela é rock n’ roll, mas aquele rock n’ roll mais espírito livre e menos destrutivo, embora ela já tenha admitido problema com álcool etc.

 

Pitty: Ela foi pioneira nessa questão de trazer as mulheres à tona na música de forma mais livre, quebrou muitos paradigmas ao longo do tempo. A existência de Rita comprova uma teoria minha, de que rock é muito mais estilo de vida e postura do que somente o rótulo pra se vender um disco. Porque veja,  Rita começou com o experimentalismo e a miscelânea dos Mutantes, ficou mais rock n’ roll ali no Tutti Frutti e depois enveredou pra um lado mais de canção, quase MPB. Mas nunca, em tempo algum, deixou de ser vista como ícone roqueiro no Brasil, e isso se deve totalmente ao seu posicionamento e discurso. A alma dela é libertária, seus pensamentos são vanguardistas, e isso é que é ser rock.

- E como roqueira, atitude feminina? Foi uma das primeiras no Brasil a assumir e fazer isso, na época de Suzie4, Janis Joplin e outras. Como você vê essa atitude para as roqueiras que vieram a seguir?

 

Ela chutou a porta do barraco, arrombou os portões do convencionalismo e permitiu que todas nós pudéssemos dar uma voltinha por lá, tempos depois. Se hoje ainda vivemos numa sociedade muito patriarcal e machista – e volta e meia sinto isso na pele – imagino o rebuliço que ela causava quando começou. Ela deve ter precisado de muita coragem. Deve ter escutado muita gente dizer não, deve ter enfrentado dilemas que só ela mesma sabe. E acho que no fundo estava só buscando ser feliz e encontrar pelo caminho seus iguais; não devia ter consciência, à época, de que estava construindo um capítulo tão fundamental pra história da música e para as mulheres no rock. Uma cena muito marcante na minha cabeça: ela vestida de noiva grávida com os Mutantes, em 1969, se não me engano. Essa imagem é emblemática porque mexe com vários tabus de uma só vez. A mulher que sobe ao palco exibindo o símbolo máximo de feminilidade (o poder de gerar), que se casa de branco mesmo não sendo mais virgem. E ainda me aparece com um bebê negro no final, pra botar lenha na fogueira do preconceito racial.


- Qual a influência dela
diretamente na sua música, na sua carreira e em como faz o rock n’ roll?

 

Ouço Rita desde criança. Quando bem pequena, me encantei com um compacto duplo de 1979, que tinha a música “Maria Mole”. Me acabava de rir com a parte “Não faz força nem pra soltar pum”. Fui crescendo – e minha mãe tinha tudo dela – e continuei ouvindo. O “Rita Lee”, de 1980, escutei quase até furar, amava tanto aquele disco. Mas estes eram dos meus pais, e como sabiam que eu adorava, finalmente no Natal de 83 ganhei meu primeiro vinil: “Rita Lee e Roberto de Carvalho”. Lembro até hoje da sensação de abrir o pacote. Na adolescência, já pesquisando música e com ganas de montar banda, conheci o passado dela com os Mutantes. Mas caí de joelhos mesmo com “Fruto Proibido”, dela já no Tutti Frutti, até hoje meu disco predileto de toda sua discografia.

 Não sei pinçar exatamente em que aspecto da minha carreira tenho-a como influência, mas percebo que é algo entranhado profunda e inconscientemente. Mais do que usar sua obra como referência, a questão é que sinto uma identificação grande nas coisas que ela fez e faz, no jeito de levar a vida. Talvez a gente só tenha vindo do mesmo planeta e, quando olho para ela, me reconheço de alguma forma, como se de repente no meio de uma raça estranha encontrasse alguém da minha espécie."

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